Ídolo do Vasco da Gama teve a chance de defender o Flamengo após deixar o Barcelona, mas acertou a sua volta para o Vasco
Maior ídolo da torcida do Vasco da Gama, Roberto Dinamite morreu no último domingo (8), no Rio de Janeiro, vítima de um câncer no intestino. E ao longo da sua vitoriosa carreira, o ex-jogador colecionou as mais variadas histórias, incluindo uma com o arquirrival do Cruzmaltino, o Flamengo, e o seu principal jogador, Zico.
E a possibilidade de atuar pelo arquirrival do Gigante da Colina começou nos anos 1980, quando teve uma passagem frustrada pela Europa com a camisa do Barcelona. À época, ainda com 25 anos, Dinamite já tinha liderado o Vasco nas conquistas dos títulos do Campeonato Brasileiro (1974) e Carioca (1977), quando foi comprado por 56 milhões de pesetas (moeda espanhola na ocasião), cifra elevada para os padrões da época.
Dinamite chegou ao Camp Nou cheio de expectativa, uma vez que sua contratação foi um pedido do técnico Joaquim Rifé, que estava no comando do time catalão na época. E a sua estreia deixou boas impressões.
No dia 20 de janeiro de 1980, fez sua estreia em pleno Camp Nou, pelo Campeonato Espanhol, e foi titular. Jogou 90 minutos e anotou os dois gols da vitória por 2 a 0 sobre o Almería, ambos no fim do jogo.
Porém, após três rodadas Rifé foi demitido e Helenio Herrera foi contratado para substituí-lo. A chegada do novo treinador, por sua vez, minou a permanência do brasileiro na Espanha, e em três meses deixou o Camp Nou, com apenas 11 jogos e três gols.
E apesar de ter acertado a sua volta ao Vasco, pouco antes Dinamite teve um “flerte” com o Flamengo. Presidente do Rubro-Negro à época, Marcio Braga conversou pessoalmente com o atacante e tentou convencê-lo a assinar pelo arquirrival.
Porém, após pressão da torcida cruzmaltina, o clube de São Januário também entrou na jogada, com Eurico Miranda, à época assessor especial do presidente Alberto Pires Ribeiro, e enfim o camisa 10 voltava aonde tudo começou.
“Eu tive a oportunidade de estar em contato com o presidente Marcio Braga, do Flamengo, por intermédio de uma rádio coirmã e conversamos se havia esse interesse da minha parte e se haveria possibilidade do Barcelona, no caso, me ceder ao Flamengo”, disse, em declarações à TV Globo, sobre o episódio.
“Agradeço a Eurico Miranda, o homem que me trouxe de Barcelona”, complementou.
Assim que voltou ao Gigante da Colina, retomou o protagonismo com a Cruz de Malta no peito e conquistou ainda mais títulos pelo clube de São Januário. De 1982 a 1992, ano em que encerrou a carreira, Dinamite conquistou mais quatro Cariocas (1982, 1987, 1988 e 1992).
O eterno camisa 10 do Vasco, Dinamite fechou a sua passagem pelo clube com muitos recordes, entre eles o de maior artilheiro da história do Brasileirão (190 gols) e do Carioca (279 gols), além de ser o jogador com mais partidas vestindo a camisa do time carioca: 1.110, com 708 gols.
Fez Zico, ídolo do Flamengo, vestir a camisa do Vasco
Apesar de não ter vestido a camisa do maior rival, Roberto Dinamite conseguiu com que Arthur Antunes Coimbra, Zico, campeão da Libertadores e do Mundial de Clubes pelo Flamengo em 1981, vestisse a camisa ornada com a Cruz de Malta.
E o episódio aconteceu no dia 25 de março de 1993, em pleno Maracanã, quando Dinamite se despediu dos gramados. Na ocasião, o Vasco disputou um amistoso contra o Deportivo La Coruña, da Espanha.
Apesar da derrota por 2 a 0 para os espanhóis, que marcaram com Bebeto e Nando, os quase 30 mil torcedores presentes viram uma cena raríssima: Zico usando a camisa 9 do Vasco, já que Dinamite usou, claro, a 10.
A escalação do Vasco contou com: Carlos Germano; Pimentel, Jorge Luís, Tinho, Cássio; Luisinho, Leandro Ávila, William, Zico, Dinamite e Bismark. Geovani e Valdir ‘Bigode’ entraram no segundo tempo.
Amigo de longa data de Dinamite, Zico jogou o primeiro tempo e, no intervalo, quem entrou no seu lugar foi Geovani. Já o ídolo cruzmaltino, atuou até os 33 da etapa final, sendo substituído por Valdir.