Atacante do Aston Villa usa tempo em casa para curtir a família e acelerar recuperação. Jogador cita pedido de desculpas de Ben Mee por entrada que o lesionou

O aconchego da família se tornou um reforço na recuperação do atacante do Aston Villa, Wesley Moraes. Parado desde janeiro, quando sofreu uma lesão séria no joelho direito na vitória do Aston Villa sobre o Burnley pelo Campeonato Inglês, o centroavante está de volta ao Brasil por conta da pandemia do novo coronavírus e trabalha para retornar aos gramados.
Em Juiz de Fora desde março, o jogador, que é o reforço mais caro da história do clube inglês e que foi convocado para a seleção brasileira no fim de 2019, conversou com o GloboEsporte.com sobre como têm sido os últimos meses, desde a lesão até o estágio atual do tratamento.
Com apoio incondicional da mãe, um pedido de desculpas de Ben Mee, autor da entrada que originou a lesão, e uma mensagem do técnico do Brasil, Tite, Wesley foca na recuperação e no retorno ao Aston Villa, sem deixar de lado o sonho de voltar a vestir a amarelinha.
Wesley Moraes deixou Birmingham e retornou ao país em março. Natural de Juiz de Fora, o jogador está em casa com a mãe, Maria das Graças, e os irmãos Leandro, Leonardo e Sílvia, além da namorada Izadora. Por conta da Covid-19,Wesley tem cumprido o distanciamento social e só sai para fazer atividades essenciais.
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Dentro de casa, três horas diárias de fisioterapia, seis dias por semana para fazer o tratamento no joelho direito. Entre uma sessão e outra, Wesley faz uma das coisas que mais gosta: ver futebol. E quando isso acontece, a vontade de voltar a campo aumenta.
– Eu não vejo a hora de voltar a jogar. Fico vendo as reprises dos jogos. Vi uma partida nossa contra o Arsenal, empate em 2 a 2. Deu vontade de jogar, me recuperar o mais rápido possível para dar alegria aos torcedores do Aston Villa, que sempre me apoiaram, e também voltar para a Seleção, que é o principal – falou.

O fisioterapeuta Cristiano Dávila é quem está acompanhando Wesley. Depois de ir até Birmingham, iniciar o tratamento com o atacante e conhecer a estrutura e os protocolos utilizados pelo Aston Villa, o profissional, que já tratou de jogadores conhecidos como o lateral-direito Danilo Luiz, da Juventus, e do volante Hudson, do Fluminense, afirma que o processo está na metade.
Dávila explica que Wesley teve comprometimento nos ligamentos cruzado anterior, cruzado posterior, colateral medial e menisco medial, definindo a lesão como complexa. Embora não haja prazo para retorno, o profissional afirma que o tratamento tem evoluído bem.

– A evolução está muito boa, mediante à gravidade da lesão. E a evolução está sendo assim pelo comprometimento do atleta com o tratamento. Não podemos falar em prazo para retorno, que depende de muitos outros fatores, inclusive de um que não estávamos prevendo, que é a pandemia do coronavírus. Mas o prognóstico é muito bom – disse Cristiano, que tem feito trabalhos de fortalecimento muscular, mobilidade e estabilidade articular, além de atividades de equilíbrio. Na próxima semana, Wesley deve iniciar exercícios de corrida intensa.
Wesley está animado com o tratamento. Mas nem sempre o otimismo foi predominante nos últimos meses. A temporada 2020 era vista com muita expectativa para a evolução do atacante. No primeiro dia do ano, porém, o centroavante sofreu a lesão no joelho direito. Wesley conta que os primeiros dias foram de muito sofrimento para ele.
Em 2 de janeiro, dia seguinte à lesão, ele e a namorada foram até o clube para fazer exames e saber qual era o diagnóstico da lesão. Quando ouviu do departamento médico do Villa que precisaria passar por cirurgia, ele se desesperou.
“Não quis nem saber a gravidade. Estava vivendo um momento bom, fazendo gols, não quis saber naquela hora. No outro dia, o médico me explicou que rompi os ligamentos. Ficava chorando todos os dias, preocupado, até se voltaria a jogar bola. Mas minha família me deu suporte, minha namorada estava comigo também”, declarou.

Após a lesão, Wesley afirma que recebeu muito carinho, tanto dos fãs do Aston Villa, quanto do mundo do futebol. Segundo o jogador, ele recebeu mensagens do técnico Tite, dando apoio para a sequência do tratamento. Outros jogadores, como o meia Willian, o volante Casemiro e o atacante Gabriel Jesus, além do médico da seleção, Rodrigo Lasmar, se comunicaram com ele.
Quem também enviou mensagem para Wesley foi Ben Mee, zagueiro do Burnley que deu a entrada que originou a lesão do atacante. Wesley afirma que o defensor disse que mandou uma mensagem por celular, mas ele havia mudado de número e não recebeu. No entanto, o pedido de desculpas veio através de um companheiro de clube.

– Ele me mandou mensagem sim, mas eu nunca a recebi de fato (risos). Eu havia trocado de número e não consegui ver o recado. Só que ele conversou com o nosso goleiro (Tom Heaton), parece que jogaram juntos, e pediu desculpas – destacou.
Em casa, ele pode aproveitar o carinho da família. Fã de filmes e do churrasco tipicamente brasileiro, ele está confiante na volta aos campos, sobretudo pela presença e apoio da mãe, Maria das Graças.
– As coisas ficam bem melhores perto da família. Estou feliz e vendo que a evolução está muito boa. Não tem preço estar perto da família e da minha mãe, principalmente. Ela sempre me incentivou muito após a perda do meu pai, me apoiou no meu sonho de jogar futebol. Nessa recuperação, ela está me ajudando muito. Quando sentia dor, ela me apoiava e dizia: “Você vai passar por cima disso, dar a volta por cima”. E vai ser assim – fechou.
Com 23 anos, Wesley Moraes tem 22 jogos oficiais pelo Aston Villa, tendo marcado seis gols e dado uma assistência. Antes de rumar para o futebol inglês, o jogador passou pelas categorias de base de Sport Club Juiz de Fora e Uberabinha, na cidade natal, e Itabuna, na Bahia. Profissionalmente, ele defendeu as cores do Trencin, da Eslováquia, e do Club Brugge, da Bélgica.