Diretoria do Bahia mantém lacunas, não consegue corrigir problemas no ataque e erra na escolha de técnico estrangeiro
“Eu vejo o futuro repetir o passado”.
O trecho da canção de Arnaldo Brandão e Cazuza nunca foi tão atual para o Bahia. Depois de um 2020 de luta contra o rebaixamento, a gestão Guilherme Bellintani prometeu a maior reformulação do elenco.
As mudanças, de fato, aconteceram, mas os problemas persistiram e acabaram em um ano foi ainda mais desastroso, que teve o seu pior momento com a queda para a Segunda Divisão, nesta quinta-feira. O rebaixamento foi decretado após derrota por 2 a 1 para o Fortaleza, no Castelão.
Uma das primeiras novidades do ano foi a reformulação do departamento de futebol do clube: saiu Diego Cerri e entraram o executivo de futebol Lucas Drubscky e o gerente Júnior Chávare. Com mudanças na estrutura, a diretoria contratou 19 atletas para o time principal, mas poucos se destacaram ao longo da Série A.
Dos reforços contratados, cinco terminaram o ano no time titular de Guto Ferreira: Danilo Fernandes, Conti, Luiz Otávio, Mugni e Raí. Contudo, outros quatro terminaram o ano afastados (Óscar Ruiz, Matheus Galdezani, Pablo e Thonny Anderson) e um sequer entrou em campo, já que chegou ao clube machucado (Marcelo Cirino).
Além desse grupo, há a lista dos jogadores que até tiveram chance, mas foram mal e terminaram o ano, no momento de maior dificuldade do Bahia, pouco aproveitados. São os casos de Isnaldo, Jonas, Lucas Araújo, Ligger e Luizão.
Carências mantidas
A reformulação do Bahia não se preocupou ou foi ineficaz em resolver lacunas no elenco. O Tricolor não contratou com reforços para as laterais e deixou Nino Paraíba sem substituto à altura ao longo de todo o ano. Em entrevista ao longo da temporada, Bellintani explicou que não encontrou no mercado, disponível e pelo valor que o clube poderia pagar, um jogador que pudesse fazer sombra a Nino.
– Mas não encontramos alguém que valesse a pena. Nino, para que a gente trouxesse alguém que colocasse ele no banco, precisaria de um investimento que não tínhamos condição de fazer. Entendemos que não valia a pena.
Na zaga, Ligger chegou para ocupar o espaço deixado pela venda de Juninho e não correspondeu. Por conta disso, Gustavo Henrique, que chegou inicialmente para o time de aspirantes, passou a ser reserva imediato.
No ataque, Juninho Capixaba terminou a temporada como ponta esquerda diante do rendimento ruim dos reforços contratados para o setor: Óscar Ruiz, Isnaldo, Maycon Douglas, além de Cirino, que chegou em setembro com peso de grande reforço, mas em recuperação de grave lesão e foi relacionado pela primeira vez na antepenúltima rodada.
Os técnicos
Ao longo da temporada, o Bahia teve três treinadores diferentes: Dado Cavalcanti, Diego Dabove e Guto Ferreira. Dos três, o argentino foi o que teve menos tempo de clube: seis jogos, 28% de aproveitamento. Foi o fim precoce do sonho de retorno do treinador estrangeiro ao clube após mais de 40 anos.
– Foi a melhor decisão para corrigir o erro que cometemos de trazer um treinador estrangeiro sem conhecimento do clube e da competição no meio do campeonato – disse Bellintani, à época.
A chegada de Guto Ferreira, por outro lado, foi um acerto do clube, mas insuficiente para evitar o rebaixamento. Nos primeiros sete jogos do treinador, o Bahia ficou invicto e conquistou 13, dos 21 pontos em disputa (62% de aproveitamento). Contudo, nos últimos oito jogos, a equipe teve aproveitamento de 29%.